Do Silogismo Aristotélico ao Silogismo Criador

a Razão como Ato de Invenção (in memoriam)

Resumo

Neste texto, proponho uma reflexão sobre o que denomino silogismo criador. Parto do silogismo aristotélico, esse instrumento lógico que durante séculos conduziu a razão humana, mas que, por ser fechado em si mesmo, nada cria: a conclusão já está contida nas premissas. Busco, então, um outro caminho — um silogismo onde o sujeito, em interação com o objeto, é capaz de produzir algo novo, algo que não estava dado. Esse processo criativo aproxima-se do que chamo ideia do azul do mar: a cor que não está em nenhum bocado d’água isolado, mas na soma viva de suas partes. A criança, ao construir suas operações mentais, percorre esse mesmo trajeto — do pensamento concreto ao criador — até alcançar o momento em que a mente não apenas deduz, mas inventa. O silogismo criador é, assim, a expressão máxima da inteligência em movimento: quando o pensamento humano deixa de repetir o mundo e passa a recriá-lo.